terça-feira, 26 de janeiro de 2010

sempre entre linhas...

Atavus

Quando o universo pousou sobre meu dorso a sua injustiça,
As forças que ainda guardava para a longa viagem foram dizimadas...
Nada a não ser dor habitaria meu espírito, tristezas, mágoas tantas e tamanhas,
suportadas pela esperança de um dia a janela abrir-se para que a luz entre...

Que terrível erro, quantos demônios meus pecados criaram?
Quanto de desprezo plantei para colher mais tarde “saudades”?
Eu sabotei minha existência no dia que um beijo me corrompeu.
Sete clamores ecoaram da minha alma varrendo vales e nada mudou...

Que acidente estúpido! Enfim, sobrevivi... As seqüelas manifestam-se.
Suplico por clemência, amo a justiça, mas não te perdoarei jamais!
A demência vem do sofrimento insuportável, a revolta é companheira.
Chamam isso de destino, eu vejo por fatalidade...

Esse caminho árido e insalubre é a grande escada para a iluminação...
Mesmo que em mim gritem: Hamurabi, Nabucodonossor, Círus, Dario e Xerxes...
Meu coração sobreviverá e será purificado pelo fogo!
Esse flagelo destroçou minha psique.... Roubaram-me a alma!


Marcelo Messias Mendonça Reis, abril 2008.


























Saber saudade

Saudade é ter as entranhas retorcidas em câimbras terríveis...
Saudade é ter o espírito em flagelo, dor que arde no coração...
Saudade antes de tudo é arrepender-se, lamentar não ter feito o melhor que poderia.
Saudade é ter os olhos afogados de amarguras a todo instante...

Saudade é de um esperar solitário, angustiante e injusto...
Saudade é morrer um pouco a cada dia, é morrer pela eternidade...
Saudade é ter que mentir para o seu espírito, é fuga inútil...
Saudade é ter o peito vazio, é faltar o ar, é dolorosamente sufocante...

Saudade é viver a demência conscientemente, é socar uma parede até a mão sangrar...
Saudade é sentir o corpo dormente, letárgico, paralítico e impotente...
Saudade é não viver o maior sonho da sua existência, decepção titânica!
Saudade é ter lembranças como milhões de agulhas invadindo sua carne...

Saudade é de um desprezo abominável, é ter Leviatã consumir-te por dentro.
Saudade é ter a adaga da perfídia covardemente cravada em suas costas...
Saudade é ter o Boaz do seu templo interno destruído pela estupidez!
Saudade é entre outras tantas coisas, castigo! Que pesar que exista essa tal saudade...


Marcelo Messias Mendonça Reis, abril 2008.




Persevere


Se uma lágrima deslizar no teu rosto cansado...
Acredite! Não existe distancia que vença os teus passos...
Nem enfermidade que ponha teu corpo caído no chão...
Nem haverá laço, sela ou cárcere que possa prender o teu espírito.

Haja o que houver... Você será sempre... Único como ser.
Como é única a vida que divinamente fora lhe ofertada.
Retira-te a tua alcova e lá abrace a ti mesmo, sinta o universo urgir esperanças...
Sinta cada nervo, cada músculo, cada osso e viva o teu sangue pulsando.

O que te aflige é de uma maldade antiga entre os homens...
É a dor solitária e abrupta que reside nas sombras da consciência humana...
É o desejo cancerígeno que toma a alma e enraíza-nos ao sofrimento...
É a fraqueza no caráter e a falta de fé que pode desviar-te do teu caminho.

Crede no vento, pois ele é o sopro da gentil mãe procurando refrescar teu tormento...
Crede no céu, o manto sagrado que teu pai colocou sobre ti para proteger-te do infinito...
Crede no mar, o seleiro da vida onde alimenta teus irmãos...
Crede no fogo, o teu escudo contra o mau e a escuridão...

Crede na terra, o teu firmamento seguro e fértil onde edificas o mundo...
Crede na planta, o teu remédio eficaz e tua sombra...
Crede no animal, o teu companheiro no plano dessa vida suprindo-te nas necessidades...
Crede em ti, o ser que vive, respira e sente tudo isso como nenhum outro.

Não te aflija com o teu inimigo, ele é a tua metade fraca...
Não alimente em ti o mau, afaste o cálice de tua sedenta boca...
Levante tua espada ao alto de sua cabeça...
Profira palavras de vitória, honra e glória...

Suba ao topo da cordilheira e sinta-se pássaro de longas asas...
Arremessa o desespero, esse peso que cansa teu dorso.
Brada ao vento tua liberdade... Brada ao céu o teu perdão... Brada ao mar teu amor...
Brada ao fogo tua alegria... Brada a terra tua força... Brada a planta tua riqueza...

Ao animal brada tua essência... A ti brada teu Deus e todo o bem do universo.
Renova-te a cada pulsar do teu coração e verta trevas em pura luz.
Digo te com a mais profunda sinceridade, não há lugar melhor em toda a terra para se estar agora... O tempo só destrói os fracos, você vencerá o tempo.



Marcelo Reis, primavera /2002.


Fadas existem sabia?

Fadas são grandes mulheres abençoadas por Deus...
Fadas superam seus próprios limites e alçam vôos mais altos...
Fadas têm sorriso “holofote”, que contagia o mais mal humorado com seu alto astral...
Fadas são jóias vivas, por onde passam deixam rastro de brilho de pó de diamante.

Ah... E como são doces as fadas, como o mais puro mel. Meigas e cativantes...
São sonhadoras também essas “fadinhas” encantadoras, são lindos e suaves sonhos...
São tão românticas, tão carinhosas, afáveis e sua fragrância é inebriante...
As fadas são generosas e humildes, invejadas por sua beleza, enxergam os corações.

Fadas são eternas meninas, cálidas e simpáticas ao extremo...
Nunca são vulgares... Seu exagero está em sua beleza natural...
A magia das fadas vem de dentro de seu coração, distribuindo fé e esperança...
As fadas amam a vida, amam viver e amam todos os seres viventes.

Engajadas, trilham ideais honestos... Firmes, por vezes são turronas...
Toda fada tem a delicadeza de uma borboleta e a força e sagacidade de uma leoa...
Não há quem não as ame, são deliciosamente inesquecíveis essas peraltas...
Você conhece alguém assim? Eu conheço... Fadas existem e trazem luz a nossas vidas.

Marcelo Reis, outono 2009. Dedicado a querida amiga Rê...Alto-Astral.




















A PAZ está dentro de nós

A paz não está em um “cessar fogo”...
A paz não se encontra em uma “rendição”...
A paz não se esconde em uma assinatura de “não agressão mútua”...
A tão sonhada paz tão pouco está firmada em “tratados” e “apertos de mãos históricos”...
A PAZ está guardada em um cofre chamado tolerância... O segredo desse cofre está dentro de nossos corações.
Estamos cegos diante a esplendorosa beleza e riqueza da diversidade de nossa espécie.
Nós podemos discordar em nossas posições políticas, culturais, religiosas... Nós podemos nos odiar... Nós podemos nos matar. Mesmo assim continuamos sendo irmãos. Essa bênção divina nenhuma guerra poderá mudar.
Temos um único DEUS, mas muitas bandeiras.




Marcelo Reis

















Energiaaaaaa...



Este sol que queima meu rosto
Que faz o dia ser dia, que torna fresca a brisa
Que dá cor à tinta, que enche o coração de alegria
É esse sol que me energisa

Assim eu, tal qual uma bateria
Carregado – transbordado de vida
Esqueceria o cansaço e os infundados tormentos
Então, enfrentar-me-ia munido de todos os esquecimentos

Preciso disso, é tão importante quanto comida
É necessário – livra-me do inevitável
Processo a que todos tentam fugir
O de ficar esperando as coisas acontecerem

Gosto de olhar as pessoas nos olhos
Ver o sol interno de cada um
Gosto do brilho do sorriso, e o que ele traz consigo,
um universo de alegria e esplendor


Marcelo Reis




Êxodo



A morte pode ser o maior alívio
Quando se sofre a falta de esperança
Quando o corpo se cansa do desafio
De viver sem água, sem pão


A pele negra, os ossos a mostra
O olhar perdido, pedindo ajuda
A mama seca, a criança sedenta
Por uma gota do alimento vida


Os escombros de uma vila
Escondem almas perdidas
Transportes levam os corpos
A valetas sombrias do esquecimento


E onde estão as flores, a alegria
O amor, a partilha, a liberdade?
Fugimos sempre para um lugar melhor
Este lugar pode estar atras da cortina

Marcelo Reis, 07 de julho de 2000





Glórias e Misericórdias



Se asas brotassem em meus pés
Eu poderia voar até a fronteira dos destinos
Poderia subjugar as estúpidas guerras
Poderia ver a fome, a dor e a doença sussurrarem
Uma súplica de perdão e glorificariam a liberdade

E se nas palmas de minhas mãos
Repletas de calos e cortes surgisse
Um jorro de sangue clamando a justiça
Por esforço e trabalho que a dignidade,
A esperança e a luta concederam-me

E se em meus olhos o brilho se apagasse
Enquanto lágrimas afogam expectativas
Enquanto lentamente, desaparece o horizonte.
E nada mais restaria que saudade das cores,
risos, lugares, dias e águas frescas

E se meu coração inflar-se de boas novas
E minha consciência aceitar o desafio
De tomar controle de suas ações, deixando...
A emoção falar com vozes de anjos;
Mergulharia então, sem temer... Na VIDA.




Marcelo Reis – Inverno de 2001.



(Poema de amor)

Eu sou fruto do amor
Eu vivo o amor...
Sinto o amor correr em minhas veias
E arder em minha alma

Eu sei o que é o amor
Eu já sofri por amor
Já me perdi por amor
E quase morri por amor...

E o amor nunca me deu nada além de dor
Nunca ofertou-me “esperanças”...
Nunca afagou meu cansado espírito
E a vida calou meu olhar para a inocência

Afinal por que existe esse tal amor?
Esse imponente sentimento...
Esse desmedido afeto a roer as entranhas por dentro...
Revirando as gavetas do tempo em um turbilhão de sentidos

Eu não sou nada além do que sou
Não tenho nada a mais ou a menos
Penso tanto e meus pensamentos são tantos
Dentro de minha insignificância, me agiganto

Sou um sonhador inveterado
Esfarrapado por tantas prostrações
Um vencido... Um condenado.
Há quem me chame “anjo triste”...

Minhas asas são esquecimentos
Meus desejos afogam-se em delírios
E nada tem muita importância
Enquanto for noite eu danço e enveneno-me

Adormeci nas mentiras
E nunca mais acordei
O que existe na verdade
É o que eu não consigo ver nem tocar

Eu quero que o brilho do teu olhar nunca deixe a minha lembrança
Eu quero que o teu sorriso continue me fazendo feliz...
Também quero que a tua voz seja minha música predileta
E as tuas palavras, alimento para a minha alma...



Nada exceto o afeto tem o poder das mudanças,
O tempo aproxima e separa vidas distintas
O destino brinca com nossos caminhos e sopra sobre nós
O vento dos sonhos, o vento das ilusões...

Somos todos, peças em um grande tabuleiro
Onde o amor as move sem respeitar regras,
Onde a esperança procura desesperadamente ser fiel,
Onde cada dia tem sabor de “incertezas”...

Onde eu estava quando você tanto precisou de mim?
A quem meu carinho confortava quando teu coração clamava justiça?
Para quem ofereci meu beijo, meu afago e abraço quando teu corpo sentia frio?
Estava perdido na espera, na ânsia, na angustia de saber que não vinhas...

Queria amar tanto, tanto. Queria viver tanto. Um tanto que não sei dizer...
No meu mundo os cacos do passado ferem meus pés e deixam um rastro de tristezas,
Cicatrizes tomam para si, ares de condecorações e os arrependimentos são fantasmas.
No alforje do meu espírito nunca houve espaço para rancores...

Nesta estrada, caminho cada passo na companhia da solidão,
Sempre estive de certo modo “sozinho”...
Raras foram as oportunidades que tive de compartilhar minhas alegrias
Tudo que eu sempre quis foi ver risadas sinceras, ser criança para sempre...

Quem vai querer acreditar em mim? Réu confesso. Pecador. Viciado...
Quem me daria a mão a beira desse abismo? Onde os anjos esconderam suas asas?
Porque em nome de Deus vivemos de mascaras e fantasias absurdas?
Somos bobos da corte de um reino sem rei! Nos perdemos em nossos ideais.

No campo de batalha enquanto defendia o estandarte da paz
A tua figura era o que me trazia força para continuar lutando essa peleja inglória...
A tua leveza de deusa tratou meus ferimentos, a tua boca matou minha sede.
Eu posso viver sem você, mas nunca mais serei o mesmo homem.

A ninguém pertence o futuro...
Vá Midas, toque o mundo!

Eu não temo sofrer por amor, pois já sofro,
Não temo me apaixonar por ti... Apaixonado estou.
Meu chão está longe de mim.
Estou perdido na ânsia de encontrar um anjo.

Minha espada quebrou-se na ultima batalha que travei contra o Destino,
Meu escudo traz marcas profundas, marcas que arderiam em mim...
Meu elmo protegeu minha consciência
Mas minha armadura foi ferida pela flecha da mágoa

Sempre há despedias, sempre acontecerão “saudades”...
No ritimo das separações eu bailo a vida e os momentos
Eu vivo milagres diários, respiro ainda “encontros” em meio ao derradeiro adeus,
Suspiro sonhos, fantasias e os arrependimentos inevitáveis

Você conseguiu cativar meu espírito e nunca mais serei o mesmo...
Minha vida já foi modificada por esta sede de te amar.
Meu coração já está inflado por um desmedido afeto por ti...
Saio sem rota pelo mar aberto guiado pela gaivota “esperança”.

Meu corpo vai de encontro às ondas e os anoiteceres são de prostrações sem você
Sinto-me deliciosamente perdido, meus pensamentos encontram a tua face
Eu não quero esquecer o teu sorriso, não quero perder o teu carinho...
A verdade sobre o amor não pertence a ninguém, cada um tem a sua...

Neste imenso teatro das nossas vidas, não quero o papel de vilão
Quero pintar meu rosto de palhaço e arrancar gargalhadas da platéia
Quero olhar nos rostos das crianças e ver o brilho sincero em seus olhares
Quero ser chamado de ladrão de corações...

Glórias e misericórdias sempre marcaram minha peregrinação por este mundo...
Glórias conquistadas com lutas intermináveis...
Misericórdias rogadas aos meus queridos por não estar perto quando precisaram de mim.
Amarguras tantas me perseguem que ainda permanecer em pé pode ser considerado “vitória”

Por que tocaste minha alma com teu beijo Vênus dos meus dias?
Deusa de sabores tamanhos, mulher de mistérios e afetos...
Musa das minhas manhãs, irmã da minha estrada, amiga confidente e amante cúmplice...
É tarde para “esquecimentos”, você já faz parte de mim.

Marcelo Reis

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